Por Jota Nobre – Apresentador do Programa no Comando Geral da Rádio RPC AM 1.060
O estádio Nogueirão não merece, não pode e não deve terminar sua história da forma como estamos vivenciando. O futebol de Mossoró e seus torcedores merecem respeito. Só quem acompanha e tem amor por Baraúnas e Potiguar sabe o valor do velho e guerreiro Nogueirão. Nesse estádio se chora de tristeza e também de alegria. Nogueirão de prazer, emoção, decepção e sofrimento, vaias e aplausos. Nogueirão do rico e do pobre, do preto e do branco, de alvirrubros e tricolores. Nogueirão de craques e peladeiros. Nogueirão que já viu no seu gramado desfilarem ídolos como Zico, Roberto Dinamite, Rivelino Cláudio Adão, Dario, Adílio etc…
Nogueirão que recebeu Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo, Cruzeiro, Fortaleza, Ceará, Santa Cruz, Sport e tantos outros clubes do Brasil. No Nogueirão eu já vi meu time ser roubado pelo árbitro e também beneficiado. Já vibrei com uma vitória com um gol aos 44 minutos do segundo tempo e também perder do mesmo jeito. De tudo ou quase tudo o meu velho e querido Nogueirão já me proporcionou.

Vitórias inesquecíveis e derrotas que não quero lembrar. Já tive a oportunidade de esperar por duas horas a chegada de um caminhão pipa para poder iniciar um clássico Potiguar e Baraúnas. E, por incrível que pareça, um Nogueirão inteiro de pé aplaudindo a chegada do carro pipa. Nogueirão de Nonato, Tito, Nivaldo, Jotabê, Romildo, Chiclete, Onesimar, Chiquinho Bala, Jacozinho, Manoel Ananias, Odilon, Maranhão, Neto Maradona, Zé Raimundo, Zé Augusto, Alberi, Zequinha, Nego Chico, Cícero Ramalho, Jr. Xavier, Canindezinho, Carlinhos Bacurau, Itamar, Sousa, Izaías, Miranda, Batista e do gol tititi de Silva. Nogueirão de Umbelino Bezerra Filho (Bila), Josirene Ribeiro, Olismar Lima, Manoel Barreto, Jonas Bezerra da Costa, Luiz Escolástico, Nicéas Alves, Necildo Diniz, Jaime Marcelino.
Nogueirão dos folclóricos Dedé Chatim, Zé Maria Mala Véia, Manoel Camelo e Papão. Nogueirão de Baterista e Ibiapino, da charanga do velho Mota e Divanilson Ramalho. Nogueirão de Renê Dantas, jogador, treinador e construtor do próprio estádio.
Nogueirão que viu o show de Roberto Carlos e os Trapalhões. Nogueirão de jogos na chuva e no calor de quase 40 graus de Mossoró. Nogueirão da fé e da esperança em um último lance de um jogo dramático e emocionante. Nogueirão daquele torcedor que sai derrotado na quarta-feira, dizendo que nunca mais volta. Nogueirão desse mesmo torcedor que é o primeiro a chegar no domingo seguinte.
O Nogueirão da minha infância e adolescência ainda permanece presente até hoje. Nogueirão construído pelo povo de Mossoró. Nogueirão da Liga Desportiva Mossoroense (LDM). Nogueirão do eterno presidente Francisco Brás, Antônio Mota e Xavier Oliveira. Nogueirão de Damião Corina e Carlos Alberto Selado.
O Nogueirão sofreu com muitas crises e sobreviveu a todas. Hoje ele está interditado e o torcedor impedido de assistir o seu time de coração jogar na sua própria casa. Ele hoje é um estádio municipalizado e vive seu pior momento desde sua inauguração. Como diz a letra na música de Roberto Carlos: “quando eu estou aqui, eu vivo esse momento lindo, olhando pra você e as mesmas emoções sentindo, são tantas já vividas, são momentos que eu não esqueci, detalhes de uma vida, histórias que contei aqui.”
O que fizeram com o meu Nogueirão!